quarta-feira, 15 de julho de 2009

Santo

Santo: no sentido mais existencial, é forma de dizer que todos nós, um dia, já não estaremos aqui...é a inevitabilidade do morrer...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Despedida - Cecília Meireles

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)
Quero solidão.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A morte do corpo não mata a essência do Ser

A noite foi, ao meu perceber, longa, mesmo sabendo que no tempo todas as noites são iguais! Mas, esta foi a longa, muito longo! Recebi a notícia que você, meu amigo, tinha morrido! Morrido? É, que o seu corpo perdeu todas as funções, e, enquanto objeto biológico, já não tinha nenhuma atividade! Bem, é isto que chamamos de morte e os seus efeitos sobre os vivos chamamos de morrer!
Os teus olhos já não olham mais...Já não ouço mais a tua voz... já não sinto mais a textura suave da tua pele..já não tenho os momentos da tua presença...
Mas que coisa: estou triste porque os teus olhos não olham mais, porque a tua voz não me fala mais, porque as tuas mãos não me cumprimentam mais, porque a tua presença não me cativa mais! Mais isto significa alguma coisa? Pelo jeito, estou triste porque foi eu quem perdiu o teu olhar; perdi a tua fala, perdi as tuas mãos, perdi a tua presença.
Choramos não pelo ser, mas simplesmente pelo corpo! O corpo do outro, em vida, é objeto do nosso desejo nas formas mais diversas...Mas, se o Ser do ser não é o corpo mais sim pre-sencia em essência, por que nos negamos existir quando este corpo se esvai? Por que esquecemos que, se o outro existiu em nós no corpo, se a sua presença se fez marcar o nosso Ser, a ausência deste corpo será apenas uma brincadeira? Por que? Bem! Muitas respostas! Mas, quem sabe, entre outros motivos, pelo fato de não aprendemos a amar a essência do Ser, na mesma proporção que amamos a aparência do corpo! A morte no corpo não mata a essência do Ser.